Nossa Senhora do Horto
Imagem original no altar principal da Catedral de Nossa Senhora do Horto, em Chiávari, na Itália.
Ó Nossa Senhora do Horto,
que salvais da doença,
que protegeis do perigo,
que consolais no sofrimento,
que fazeis renascer a esperança
na hora do desânimo,
no coração de vossos filhos
que vos invocam,
ajudai-me nesta hora de dificuldade.
Concedei-me vosso auxílio
para que a alegria renasça,
a esperança se fortaleça,
a fé seja viva
e a caridade seja verdadeira
na minha vida.
Dai-me forças
para que o vosso exemplo
possa continuar trabalhando
para que haja sempre mais verdade,
paz, solidariedade, saúde, partilha
e liberdade na vida de todos.
Concedei às famílias
a graça de viverem como cristãs
e, aos jovens,
a graça de ouvir e responder
com generosidade
o chamado à Vida Sacerdotal,
Religiosa ou Ministerial na Igreja.
Amém.
1493 – MARIA TURQUINA
Na primavera de 1493, a cidade de Gênova é invadida por uma temível e perigosa epidemia que, rapidamente, se alastra e toma conta de toda a região da Ligúria. Uma senhora chamada Maria Turquina, que tinha uma grande devoção a Nossa Senhora e era moradora de Chiávari, promete à Mãe de Deus um sinal de reconhecimento público, caso a sua família e a sua cidade ficassem isentas do contágio. E o sinal se concretizou. Aos poucos, a peste foi sumindo e desapareceu completamente.
A senhora Turquina, fiel a sua promessa, encarregou o pintor Benedito Barzone, de fazer uma imagem de Nossa Senhora, entre São Sebastião e São Roque, padroeiros dos enfermos. Pede que esteja num lugar bem visível e escolhe o muro que cercava os jardins do Palácio e que se estendiam até o mar. A imagem foi pintada numa esquina da praça, lugar muito frequentado pelos chiavareses e turistas.
O povo, alarmado com a lembrança da epidemia e por gratidão, peregrina devotamente e chega até a imagem pra fazer suas devoções e designa Nossa Senhora com o título de “A Virgem do Horto”.
1609 – Jerônima Turrio
Com o passar do tempo, as manifestações de devoção à Virgem do Horto vão esfriando e sumindo até que, em 1609, uma senhora muito piedosa, Jerônima Turrio, a caminho para dar assistência a um parto, deteve-se e pôs-se a admirar bem de perto o rosto de Nossa senhora. Era encantador, mas Jerônima sentiu dó diante do abandono, mas, movida pela responsabilidade de atender o chamado que havia assumido, de atender a uma mulher em parto, foi-se embora rapidamente.
Três meses depois, numa noite de dezembro, acordou com a presença de uma grande luz e, no meio dela, uma senhora. Tudo fazia recordar a Virgem do Horto... Cheia de emoção, recomenda-lhe seu filho que era navegante. Logo depois, recebe a notícia que ele está muito doente, em Roma. Vai apressada à Senhora do Horto e confia-lhe o filho. Passados dez dias, o filho aparece em casa, recuperado e feliz. Ele conta para a mãe como foi sua cura, coincidindo exatamente com o momento em que a mãe Jerônima o havia confiado à Maria, rezando pela sua saúde.
Foi assim que o amor e a confiança de Jerônima se confirmaram e ela passou a visitar a imagem com frequência e, com ela, iam muitas outras senhoras. Tudo isso transformou aquele lugar esquecido em centro de oração, com a força da presença amorosa da Mãe de Deus.
1610 – SEBASTIÃO DESCALÇO
No dia 02 de julho de 1610, pelas três horas da madrugada, Sebastião Descalço dirigia-se a Carrasco e ia fazendo suas orações, como sempre. Ele ia em busca de produtos alimentícios pelas vilas próximas a Chiávari para revendê-los em Gênova.
Ao passar pelos muros das hortas, vê uma claridade e, no meio delas, uma figura de mulher, que avança lentamente em direção à praça, ladeada por duas velas acesas. Sebastião procura desviar-se, um tanto assustado, mas a sua curiosidade o fez retornar e verificar o que era mesmo aquilo. A linda senhora, chegando ao Horto, passou o muro e chegou ao nicho. Foi aqui que o rapaz teve a intuição de que seria a Mãe de Deus, enquanto uma profunda paz lhe invade o coração. Sobe o muro e vê a figura da Virgem, parada diante do nicho, cheia de luz; depois, aos poucos, vai elevando-se e desaparece.
Tomado de grande alegria, Sebastião segue o seu caminho. À tarde, volta para casa e conta para seus amigos o que vira. Muitos não acreditam, outros, porém, se entusiasmam e dão fé ao fato. Deste dia em diante, o Horto do capitão é invadido por muita gente que vai rezar e pedir graças. A notícia se espalha pela vizinhança e muitos se dirigem a Chiávari para ver e saber o que se diz. A devoção a Maria foi se firmando. Muitos se convertiam e eram perseverantes na oração e no amor.
O sentido da fé DO POVO
A divulgação do ocorrido com Sebastião Descalço, a muitos entusiasmou, a outros despertou um forte sentimento religioso, a terceiros fanatizou e houve também quem desconfiasse e fizesse oposição. E foi constituído um tribunal eclesiástico, presidido pelo Vigário Agostinho Repetto, que era Arcipreste de Lavagna. Este, como responsável, apelou ao Decreto de Trento, que proíbe venerar imagens e crer em milagres desconhecidos e não confirmados pelo bispo.
Feito o levantamento do fato, o bispo emite o seu parecer condenando tudo. Devido a isso, o Vigário geral de Gênova, na ausência do Cardeal, manda fechar a entrada ao lugar onde é vista e venerada a imagem da Virgem do Horto. O povo protesta energicamente e, apoiado pelos anciãos da cidade, manda para Gênova, um elemento de confiança para intervir junto ao Vigário Geral.
Enquanto isso, na Paróquia de São João, o povo reza em adoração ao Santíssimo exposto. O Vigário Geral de Gênova constitui um novo tribunal, sério e competente, que depois de ouvir todas as testemunhas e de bem estudar e analisar os fatos, reconhece a presença do sobrenatural nos quarenta e sete casos de curas. É aprovado festivamente o culto à tão querida “Nossa Senhora do Horto”. Até mesmo o Vigário Geral e juízes, juntamente com o povo, vão ao local e prestam culto de veneração à Mãe de Deus.
A aparição de Maria, no Horto de Chiavari, atualiza o Projeto de Deus estimulando a fé do povo, a oração, o culto a Nossa Senhora, como nossa mediadora. É a imagem da Virgem do Horto, a quem o povo pede graças e favores e, por cuja intercessão, muitos se convertem e muitos são curados de doenças.
DE UM POBRE TEMPLO A UM GRANDE SANTUÁRIO
No dia 25 de março de 1612, naquele local foi inaugurada uma Capela dedicada à Virgem do Horto. No mês seguinte, o Horto recebe visita da Cúria e do Senado de Gênova e decide-se por uma nova construção que fosse expressão da gratidão do povo. Assim, no dia 1º de julho de 1613, foi colocada a pedra fundamental.
No entanto, a construção do santuário exigiu tempo e muito dinheiro, por isso foi interrompida várias vezes. Somente em 23 de novembro de 1633, graças ao trabalho dos Carmelitas, que assumiram a obra, foi realizada a inauguração. Mas, a imagem só foi transferida para o novo templo no dia 8 de setembro, numa linda e festiva cerimônia, com a presença em massa do povo que, orgulhosamente, realizava pelas ruas de Chiávari, a transferência processional da imagem emoldurada num belo quadro. No dia 7 de março de 1643, por deliberação do Conselho de Chiávari, a Virgem do Horto é declarada Padroeira da cidade.
A VIRGEM DO HORTO NA VIDA DE GIANELLI
O nome de Gianelli é inseparável do culto à Virgem do Horto. Sua devoção pessoal e sua dedicação irrompem da pregação e das Instituições criadas por ele. Dentre elas destaca-se a Congregação Religiosa que leva o nome de Filhas de Maria Santíssima do Horto. Em 1922, Gianelli é chamado a Chiávari para a pregação do dia 2 de julho – Festa de Nossa Senhora do Horto. Esta foi a primeira vez, sendo que, em 1844, ele foi convidado mais uma vez e foi a última.
Em 1826, Gianelli foi nomeado Arcipreste de Chiávari, consagra-se e consagra o seu povo a Nossa Senhora do Horto e a ela recorre em todas as dificuldades pessoais e da comunidade. Como Prefeito do Seminário, estimula seus seminaristas a conhecer a imagem e sua história e a viver as virtudes marianas. Em 1827, funda os missionários de Santo Afonso com o objetivo de promover a santificação do clero diocesano e atender missões populares. Confia esses missionários à Virgem do Horto e pede-lhes que difundam seu culto por onde forem missionar.
Quando Gianelli palestrava sobre a Mãe de Deus, seu linguajar era fluente, suas palavras carregadas de simpatia e caloroso entusiasmo filial. Seu zelo pastoral encontrava nela os gestos mais expressivos para enfatizar a oração e mover à conversão e à confiança. Foi em frente ao santuário que se deu o milagre das andorinhas, do qual Gianelli diz: parece que a Mãe Maria, está de acordo com seu Filho, cooperando na milagrosa preservação de Chiávari.
2 de julho: Dia de Nossa Senhora do Horto